Cientistas querem usar sangue de astronautas para fazer concreto espacial

Quando projetou a sua colônia de seres humanos vivendo em Marte até o ano de 2050, o bilionário Elon Musk provavelmente não calculou os custos de construção de moradias para esses futuros pioneiros. Cientistas de Universidade de Manchester estimam que o transporte de um único tijolo para o planeta vermelho custaria £ 1 milhão, o equivalente a R$ 7,23 milhões.

Para superar esse problema, a equipe de pesquisadores britânicos desenvolveu um material semelhante ao concreto, e até mais forte que o material da Terra, capaz de dar conta de construir moradias em ambientes extraterrestres. O que chamou a atenção, no entanto, foi sua composição: fragmentos de rocha, poeira espacial (ou regolito) e, para fazer a argamassa, sangue, suor, urina e lágrimas da tripulação.

Publicada sexta-feira (10) na revista científica Materials Today Bio,  a pesquisa trabalha com o conceito de utilização de recursos in-situ (ISRU na sigla em inglês), ou seja, materiais encontrados no próprio local. Porém, como depósitos de água parecem improváveis, a equipe de cientistas demonstrou que a albumina de soro humano poderia ser usada como aglutinante.

Dando o sangue para produzir AstroCrete

Diagrama de produção in vivo de albumina humana (Fonte: Materials Today Bio/Reprodução)

Um dos autores do projeto, o cientista Aled Roberts, da Universidade de Manchester, afirmou que os pesquisadores já vinham tentando há algum tempo desenvolver tecnologias viáveis para reproduzir algo como o concreto na superfície de Marte. “Mas nunca paramos para pensar que a resposta poderia estar dentro de nós o tempo todo”, brinca.

Chamado de AstroCrete, o novo material apresentou uma resistência à compressão de até 25 MPa (megapascais), quase o mesmo resultado observado no concreto terrestre, que varia entre 20 a 32 MPs. Mas a equipe descobriu que a incorporação de ureia, outro resíduo biológico humano (excretado através da urina, suor e lágrimas) poderia elevar essa resistência do AstroCrete em mais de 300%.

O estudo estima que uma missão de dois anos em Marte, com uma tripulação de seis astronautas, poderia produzir mais de 500 kg de AstroCrete. Se esse aglutinante for usado como argamassa para sacos de areia ou tijolos de regolito fundidos por calor, cada membro poderia “dar sangue” (mais urina, suor e lágrimas) suficientes para expandir o habitat para um tripulante adicional, dobrando os alojamentos a cada missão.

Como o sangue animal foi usado no passado como aglutinante de argamassa, Roberts destaca a importância de uma tecnologia medieval estar solucionando um desafio da era espacial moderna.

Fonte: Tecmundo

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