O concreto é um dos principais componentes de estruturas armadas de grande porte, rígidas e pesadas. Mas, devido à sua versatilidade, há um tipo que pode ser empregado em estruturas bem mais leves. Estamos falando do concreto celular. Aperfeiçoado na década de 1920 pelo arquiteto sueco Johan Axel Eriksson, ele é usado até hoje na construção civil de diferentes maneiras.
Também conhecido como poroso e espumoso, esse concreto possui vazios que o tornam mais leve. Enquanto a massa específica do concreto convencional é de aproximadamente 2.300 kg/m³, a do concreto celular varia de 300 kg/m³ a 1.850 kg/m³.
O maior diferencial desse concreto, composto por cimento, água e agregados necessariamente miúdos, é a incorporação de bolhas de ar em seu interior, que acontece por meio de dois processos:
- Criando um tipo especial de espuma com equipamentos especializados e promovendo o contato entre ela e o ar durante a produção do concreto em um ambiente controlado. Desse modo, o volume de expansão e a densidade da massa final podem ser facilmente determinados;
- Criando a espuma no próprio canteiro de obra com uma espécie de agitador mecânico estático ou portátil (que se assemelha a uma batedeira) e adicionando ao concreto na betoneira o produto resultante. Nesse caso é mais difícil controlar o volume de expansão, pois não é possível definir o tamanho das bolhas geradas.
Após finalizar o procedimento, obtém-se um concreto de menor densidade e com poros esféricos de dimensões regulares e milimétricas que não se deformam.
Aplicações do concreto celular
Esse concreto atende exigências específicas em diversos projetos e, quando é moldado no próprio canteiro, pode ser usado na composição de lajes, pisos, contrapisos, caixas de escadas, emboços e paredes corta-fogo.
Ele também preenche vazios em obras de infraestrutura e serve como isolante térmico e acústico de coberturas de edifícios residenciais, comerciais e industriais ao constituir uma camada logo acima da laje de concreto convencional.
Já em peças pré-fabricadas, o concreto celular atua como matéria-prima de pisos elevados, painéis e blocos de vedação. Esses tipos de blocos são vantajosos para edificações, pois conseguem ser suficientemente resistentes, ao mesmo tempo em que impedem uma sobrecarga elevada na estrutura. Em formatos de canaleta, verga ou contraverga, os blocos podem ser cortados sem grandes dificuldades para criar passagens de instalações elétricas e hidráulicas.
Benefícios do concreto celular
Não há desperdícios consideráveis durante a produção do concreto celular e seu aproveitamento é quase integral. Devido à sua leveza, o material possui alta fluidez, o que significa que a etapa de adensamento não é necessária, reduzindo os gastos financeiros com equipamentos e mão de obra.
Esse concreto também é bastante resistente contra fogo, umidade, fungos e agentes químicos, sendo um bom substituto do drywall em áreas molhadas, como banheiros e cozinhas. Sua baixa condutibilidade térmica reduz a transmissão e a perda de calor em um espaço, deixando a temperatura no interior mais agradável e possibilitando a economia de energia elétrica que seria utilizada para resfriar ou aquecer o ambiente.
Além disso, o concreto celular apresenta um ótimo desempenho acústico (superior ao do concreto convencional), e os blocos feitos com esse material são capazes de se adaptar muito bem às estruturas com elementos feitos em concreto armado, pré-moldado e aço.
Apesar dessas vantagens, existem alguns pontos que merecem atenção. Se não houver reforços estruturais e tratamentos impermeabilizantes, é possível que o concreto celular apresente alguns problemas com o tempo, como deformações e fissuras por retração. Seu uso também é mais restrito, por conta da sua menor aderência às armaduras e um desempenho mecânico inferior ao do concreto convencional.
Fonte: Cimento Mauá