Bioconcreto: o concreto do futuro pode ser mais sustentável

Bioconcreto é um tipo de concreto autocurável, que pode consertar suas próprias rachaduras. A tecnologia verde, que incorpora bactérias autoativáveis ​​ao concreto para que o material seja capaz de de se autorregenerar, é uma das apostas do futuro para tornar a indústria da construção civil mais sustentável.

O concreto é um dos materiais de construção mais utilizados do mundo, sendo comum em inúmeras estruturas – de pontes e torres e represas. O problema é que sua pegada ecológica é alta, sobretudo graças às emissões de dióxido de carbono da produção de cimento, um de seus principais constituintes.

Depois da água, o concreto é a substância mais usada no mundo. A produção de cimento é responsável por cerca de 8% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2). Isso porque o processo envolve a queima de muitos minerais, conchas, xisto e outros componentes em fornos aquecidos a cerca de 1.400 °C, nos quais os combustíveis fósseis são normalmente usados ​​como fonte de energia. É daí que vêm as emissões de CO2.

Além disso, em 2030, o crescimento urbano na China e na Índia colocará a produção global de cimento em 5 bilhões de toneladas métricas por ano, com a produção atual já sendo responsável por 8% do total de emissões globais, de acordo com um relatório da organização WWF.

A invenção do bioconcreto

Pensando nisso, o pesquisador e microbiologista holandês Hendrik Jonkers, da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, desenvolveu o bioconcreto, produzido a partir da combinação de concreto tradicional e colônias da bactéria Bacillus pseudofirmus, que habita áreas inóspitas como crateras de vulcões ativos e é capaz de sobreviver  sem oxigênio por mais de 200 anos, nas piores condições possíveis.

Ao serem alimentadas por lactato de cálcio, as bactérias formam esporos e promovem a regeneração do concreto. O material pode reparar rachaduras de qualquer extensão e, apesar ser, em média 40% mais caro que o tradicional, compensa em longo prazo, porque economiza em custos de manutenção.

Segundo os pesquisadores, o material também deu origem a um spray, que usa os mesmos princípios e pode ser aplicado diretamente sobre pequenas rachaduras, evitando o colapso de edifícios que apresentam rachaduras quando há tremores de terra. O bioconcreto foi desenvolvido para melhor a resistência à tração e as propriedades ecológicas do concreto, reduzindo custos de manutenção e produção do material e reduzindo as emissões de carbono no processo.

Dessa forma, se uma parede construída com esse material apresentar rachaduras, as bactérias ficarão expostas aos elementos físicos, entre eles a água, que se infiltra nos vãos das rachaduras e ativa as bactérias. Imediatamente elas começam a consumir seu alimento, produzindo calcário como resultado do processo de digestão.

Em aproximadamente três semanas, esse calcário terá fechado completamente as fissuras da parede. Pela invenção, o pesquisador venceu o prêmio European Inventor Award de 2015 na categoria Pesquisa. Segundo Jonkers, o bioconcreto vai revolucionar a maneira como construímos, porque é inspirado na natureza.

Fonte: Ecycle

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